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Os pecados capitais nas organizações: ira, soberba, inveja, avareza, gula, preguiça e luxúria

 

Os pecados capitais como conhecimento surgiu a partir dos grandes pensadores da igreja católica, que precederam ao surgimento do cristianismo. Ele foi usado para controlar os instintos humanos básicos, protegendo inicialmente os seus seguidores. Popularizou-se no início do século XIV entre os artistas da época, que acabou misturando-se com a cultura dos povos no mundo inteiro.

 

Pensar o saber dos 7 pecados capitais nas organizações, é falar de suas caracterizações, consequências e tecer algumas ilustrações de como eles ocorrem em termos de comportamentos e atitudes, aspectos que merecem uma reflexão sobre sua influência nas motivação das pessoas e de grupos

e de como superá-los.

 

Sabemos o quanto o ser humano é complexo, mas é no trabalho, na organização onde passa a maior parte de seu tempo desenvolvendo suas funções

que ele estreita relações com diferentes pessoas e vê seus vícios se "manifestarem" de algum modo nos relacionamentos. Sua dinâmica de comportamento torna o gerenciamento dos vícios uma missão emocional quase impossível, tendo que cumprir com as suas responsabilidades e ainda lidar com toda diversidade que aparece.

 

Para começar, podemos dizer que o "pecado" é abuso, é todo exagero ou excesso que pode desencadear problemas na esfera do relacionamento humano. Ele consiste na pessoa não saber dosá-lo corretamente, nem modificá-lo como vício e que, ao agir, consciente ou inconscientemente, pode confundir a si e às pessoas por não querer atacá-lo em sua natureza ou causa e poder, à partir disso, superá-lo. 

 

Ressaltamos que para caracterização do pecado capital, o vício deve ser observado na sua intensidade e frequência com que é manifestado e conflita com o ambiente de trabalho, isto é, na dinâmica dos relacionamentos e que remete sempre a uma insatisfação latente que vai sendo negativamente "construída", tornando-se em algo tóxico no mundo das emoções coletivas. 

Vamos às caracterizações dos 7 pecados capitais:

 

A IRA

Compreende a raiva, o desejo de vingança. Pode-se dizer que a raiva e o ódio são a ira reprimida na pessoa. São emoções destrutivas tanto para os que as sentem como para quem se torna objeto delas. A ira é um impulso momentâneo que provoca maus pensamentos e conflitos nas relações interpessoais. Pessoas que se comportam de maneira agressiva, demonstram imaturidade e pobre inteligência emocional, e tem baixo autocontrole.

 

Geralmente, a ira causa um desejo descontrolado de vingança e está associada a indignação, a qual desencadeia hostilidade e destruição. Ao se descontrolar a pessoa modifica o semblante, a expressão e o nível de energia  aumenta, podendo chegar até a agressão física.

 

A racionalização como defesa pode ajudar a pessoa a dar conta desta dificuldade ou "vício" de comportamento, mas quando ela é dominada por forte emoção, o mecanismo pode sucumbir. Essa incapacidade de racionalizar pode indicar uma incapacidade de amar aos outros por não ter tido este padrão de comportamento no passado.

 

No campo profissional, é comum perceber a ira em "líderes" sem equilíbrio emocional e autoconhecimento, cuja atitude mental é o desejo de destruir gerando impactos negativos no clima de trabalho em termos de emoções tóxicas que geram. A sua intensidade e frequência dirigida mais a uma pessoa, por exemplo, pode levar inclusive a situações de assédio moral, comprometendo assim, a imagem da organização. Para a vida emocional de uma equipe, o profissional que apresenta o "vício", ou defeito, pode ser tão nocivo a ela, que pode como acarretar impactos negativos - como passivos trabalhistas decorrentes ou até perda de profissionais talentosos, com difícil reversão.  

 

É possível lidar com o próprio impulso agressivo ou de ira? Ele pode ser melhor controlado? Acreditamos que eliminar é difícil, mas controlar é possível, desde que haja disposição para querer conhecer-se mais e trabalhar o "vício" por parte de quem o manifesta. A opção pelo autoconhecimento e mudança

de comportamento traz desdobramentos positivos em várias outras áreas da vida pessoal.

 

 Frases

“Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo”. – Mahatma Gandhi

“Não se preocupe com a perfeição - você nunca irá consegui-la”. – Salvador Dalí

“A linguagem de seu coração é que irá determinar a maneira correta de descobrir e manejar a sua espada”. – Paulo Coelho

 

A SOBERBA

Soberba tem como significado “elevação ou altura de uma coisa em relação a outra. Orgulho excessivo, altivez, arrogância, presunção, sobrançaria, sobranceria, alguém ridiculamente vaidoso”, termo que etimologicamente provém do latim “supervia”, que deriva do adjetivo “superbus”, “que está acima dos outros”, formado pelo advérbio super, “sobre, acima de”. Desde cedo, “superbus” passou a designar aquilo que é de fato melhor do que os outros (magnífico) ou, por metáfora, aquele que se imagina acima dos outros (o orgulhoso). O sufixo bus acrescentado ao advérbio super não está isolado, mas também se encontra em “probus”, “que brota bem” (sentido agrícola), daí “bom” e, mais especificamente, “integro, leal, probo”. Essa palavra também é derivada de um advérbio, pro “para a frente”, donde “probus” seria inicialmente “aquilo que vai para a frente”.

 

A soberba é um dos maiores defeitos que se pode encontrar nas pessoas e nas lideranças que atuam nas organizações.

 

Trata-se de um "vício", um defeito que pode desequilibrar o relacionamento entre a pessoa soberba com os outros. A vida relacional torna-se pouco transparente e sincera por parte daqueles que se relacionam com o profissional soberbo, com a liderança soberba, o que dificulta a sustentação de um canal aberto, empático, confiável e livre para o exercício natural e frequente do feedback, que possa promover o engajamento crescente. Podemos dizer, que a pessoa soberba nada mais faz do que provocar no ambiente, consciente ou inconscientemente, uma forte entropia comportamental, ao qual chamamos de escassez de comportamentos potencialmente saudáveis de equipe, gerando, negativamente, emoções tóxicas, que podem ser latentes ou não.       

 

Fala-se muito da soberba como comportamento natural do ser humano, seguindo o pensamento do teólogo e filósofo Santo Agostinho (430 dc.). Mas o interessante é dizer que o "vício" ou defeito, é uma reação imediata de achar que o que se faz é melhor do que aquilo que os outros fazem. O arrogante, ou pessoa soberba, podendo ser uma liderança nada exemplar que manifesta seu forte ego, sempre negará seu estado de insuficiência, de carência, e de sua autoestima negativa. Este comportamento é levado ao exagero sendo facilmente percebido por todos.

 

Nas organizações, como na vida, o comportamento soberbo se repete de algum modo. Agora, o desafio da pessoa soberba, que cria raciocínios orgulhosos,

é o de trabalhar internamente a necessidade de praticar a humildade deixando de se colocar de um jeito superior aos outros. Não basta fingir que é modesto, é preciso educar-se na humildade quando se está crescendo e sendo bem-sucedido.

 

Frases

“A ingratidão é filha da soberba”. - Miguel de Cervantes

“Modéstia demais não deixa de ser soberba”. – Provérbio hebraico

“Toda pessoa arrogante, soberba e altiva não aceita ser corrigida, visto que não deseja ser mudada por um comportamento superior, porque já possui

um espírito de conduta inferior que a satisfaz”. – Helgir Girodo

 

A INVEJA

A inveja é um pecado universal e, talvez, um dos principais vícios humanos. Isto decorre da vergonha que ela gera por parte de quem a tem. Distingue-se da cobiça que é a vontade de ter, desejar as coisas dos outros. A inveja é sempre negativa, pois sempre reflete “a tristeza pela felicidade dos outros”, como dizia o filósofo Tomás de Aquino. Só a inveja se esconde, diferentemente dos outros pecados capitais, o sentimento da inveja não mostra a cara. Pode de um jeito dissimulado, destilar seu veneno, ter um olhar enviesado, aparecer como uma fala com maldade. O pecado da inveja disfarça, escamoteia e dá mordidas traiçoeiras.

 

De um modo geral, tem havido um esforço da mídia de associá-la à competição e à cobiça, mas inveja é inveja. Fala-se da “inveja boa” contida na palavra "invejável", ou como se falasse de um “obesidade saudável”, mas no fundo, trata-se de tentativas para atenuar a vergonha que se tem dela como sentimento e de lhes dar uma conotação positiva, aceitável.

 

 A inveja tem a intenção de privar o outro de algo que ele possui. O “querer” na inveja pode ser algo indeterminado, que pode ser satisfeito por qualquer coisa que apareça. Agora, o invejoso nem sempre tem consciência de que a sente, a inveja pode nascer contra a vontade da pessoa, pode aparecer precisamente através do olhar, dos olhos que brilham e pestanejam, da boca que estremece, da irritação, do rosto abatido. Há algo no olhar do invejoso que é ter os “olhos de rapina”, acentuando um aspecto agressivo, sagaz, próximo da astúcia ao ser evocado por uma situação qualquer do contexto de trabalho, por exemplo. Estas peculiaridades são indícios da intensidade com que a inveja acomete a pessoa. A típica fala “eu também quero”, introduz a dimensão do desejo que está associado à inveja, onde vários fatores interagem uns sobre os outros, e boa parte destas “operações’” são inconscientes. Estes efeitos obedecem a um princípio psíquico muito forte que governa o ser humano – que é evitar o desprazer, a dor.

 

O essencial da inveja é arrebatar do outro a coisa invejada - a alegria, o sucesso, algo que vai se tornando um sentimento insuportável. Há expectativa de que a alegria termine logo para que produza a alegria de quem tem a inveja. A inveja é capaz de deixar o sujeito possuído por uma intensa emoção, ele realiza um julgamento que permanece inconsciente, um julgamento pelo qual estabelece uma relação de causa e efeito entre a alegria do outro e sua própria comoção: é porque o outro se alegra que eu me entristeço.

 

A inveja é destrutiva, um tipo de cegueira, a cobiça é competitiva. A inveja detesta a competição, exceto quando o invejoso sabe que vai ganhar. Ela não é um traço de classe social; ela é universal e a encontramos em todas as classes sociais.

 

Para fugir do sofrimento, invejosos desenvolvem várias defesas - Uma delas é a idealização ou supervalorização do invejado, que passa a ser visto como extraordinário, inalcançável. Isso na maioria das vezes afasta a inveja. Sem comparação e sem proximidade, a inveja é mais difícil e suportável.

 

Dizemos que o caminho para trabalhar o "vício" ou defeito da inveja é tratar a autoestima, buscar a autoconfiança que está na origem do problema. Superar

a grande dificuldade de lidar com a felicidade dos semelhantes. Como se diz na cultura judaica: Ponha em prática o verbo iídiche farguinen, que significa “compactuar com o prazer e a alegria do outro”.

 

Em consultoria observamos inúmeras histórias sobre inveja nas organizações, que dificilmente ocorrem sozinhas sem estar acompanhada de outros “parentes” como o ciúme, a cobiça, e com os quais ela se confunde. É mesquinha como a avareza ou ganância, e mantém com o ódio relações estreitas.

Para se gerenciar bem o “vírus da inveja” na organização e combater sua “estratégica destrutiva”, o primeiro passo é querer entendê-la, aceitá-la e tratá-la com naturalidade, além de aprender a adotar práticas compartilhadas numa base meritocrática. Ser, portanto, feliz com a felicidade daqueles que estão no nosso entorno é um grande desafio, pois o genuíno desejo de felicidade alheia representa o sinal de um afeto excepcional, de grandeza, de maturidade e de inteligência emocional por quem a sente.

 

Frases

“A inveja não goza de boa reputação” - Renato Mezan, psicanalista

“O invejoso chora mais o bem alheio que o próprio dano”. – Francisco de Quevedo

“A inveja não ama”. - Joseph H. Berke

 

A AVAREZA

A avareza provém do latim avaritia, “desejo de riqueza que é um derivado de avarus “avaro, avarento”. Na verdade, o primeiro sentido de avarus, se assemelha ao de seu cognato avidus “ávido”, pois o sentido antigo era mais genérico e não se vinculava apenas a dinheiro ou a bens. Ambas as palavras se vinculam ao verbo avere “desejar ardentemente”, de origem obscura.

 

Sinônimo de ganância, a avareza se traduz como sendo a vontade exagerada de possuir qualquer coisa. Revela também um desejo descontrolado, uma cobiça de bens materiais e dinheiro. Pode se dizer, que existe a avareza por informação ou por indivíduos, que nada mais é do que uma extensão metafórica do "vício". O ávido quer sempre mais e ao achar que não sobreviverá com um lucro menor, pode muitas vezes recorrer a expedientes desonestos para atingir suas metas.

 

Dizemos que na avareza a pessoa se fecha e e fica temerosa de se abrir. Neste sentido, ela se refere somente à parte financeira e material, pode ser entendida também como algo mais amplo, menos com o concreto, mais com o simbólico que está além do visível. Encontramos no avarento, um egoísmo forte, uma figura que sempre tem medo  de perder e tem certeza de que qualquer outra pessoa é um perigo potencial e a sente como querendo lhe tirar vantagem. Tem muito medo de não ter o suficiente e de perder o pouco que imagina que possui, daí o fechamento. Acredita no fundo, que, se não agir assim, vai se empobrecer. A avareza da pessoa tem relação com as emoções e afetos e revelam aspectos primitivos da mente humana.

 

O avarento é econômico com suas emoções, acha que elas são e funcionam como coisas materiais que quando mais se usa mais se gasta. Só que as emoções são feitas de outro jeito e quando mais as manifestamos mais elas se desenvolvem e enriquece quem as sente, porém o avarento desconhece a força das emoções e fica sempre com o pé atrás. Na prática tende a brigar pelas menores coisas como se tratasse de coisas importantes e a gastar energia preciosa nos menores detalhes, fortalecendo a existência da mesquinharia. Na organização, é típico se deparar com pessoas que discutem e travam uma guerra com a equipe em reuniões pelas coisas sem importãncia e sem propósito. "Líderes" assim, perdem naturalmente o foco de sua missão e esquecem do seu papel como motivadores de pessoas e colocam todo potencial criativo delas em segundo plano, ou preferem ignorá-lo.  

 

A avareza ou ganância pode vir acompanhada de atitudes antiéticas em negociações, por exemplo, ou numa decisão que permita-se "optar" pela alternativa mais vantajosa para si em detrimento do outro. Geralmente, estas situações são visíveis na percepção do grupo de trabalho. A mente do avarento ou ganancioso funciona assim: ele quer ganhar por ganhar, quer aquilo que o faça "mais" rico, "mais" poderoso, "mais" diferenciado e suas escolhas no trabalho e na vida seguem esta lógica, diferentemente do ambicioso que quer no fundo superar-se e alcançar a excelência em sua trajetória.  

 

No mundo empresarial, profissionais precisam, como na vida, combater a avareza aprendendo a desenvolver a generosidade e a espiritualidade. "Líderes" avarentos com quem nos deparamos, às vezes, precisam caminhar fortemente neste sentido, pois não conseguem sequer serem generosos consigo próprio; se olharem de uma forma mais humana e generosa expandirão e passarão a olhar o mundo de um modo mais favorável, percebendo que a conexão e os investimentos afetivos nas pessoas pode ser algo possível de se fazer.

 

Na avareza o que se teme é obter a verdadeira riqueza da vida, o que nos leva a pensar que ela não compõe positivamente o perfil dos melhores líderes ou dos melhores profissionais. Quanto ao primeiro, se for um verdadeiro gestor de talentos, se mostrará desapegado às coisas e as ideias, tenderá

a valorizar o compartilhamento do conhecimento, da informação, que, como sabemos, só contribui para que subordinados cresçam e atuem criativa e produtivamente.  

 

Frases

“A avareza perde tudo ao pretender ganhar tudo”. – Jean De La Fontaine

“Economizar amor é avareza. Coisa de quem funciona na frequência da escassez, de quem tem medo de gastar sentimento e lhe faltar depois. É terrível

viver contando moedinhas de afeto”. – Ana Jácomo

“Quem é movido pela avareza não tem olhos nem coração para sentir o sofrimento dos outros, porque estes lhe são apenas um valor econômico. A avareza tira a capacidade de compaixão. E, com isso, nossa condição de seres humanos”. – Rubem Alves

 

A GULA

Do latim de mesmo nome, é o desejo insaciável por comida e bebida. Como pecado ou "vício" está relacionado ao egoísmo humano e traduz o desejo de querer ter sempre mais e mais, que, para muitos, não chega a ser considerado um pecado universal, pois depende da cultura, onde pode ser vista como sinal de status. No sentido mais simbólico, a gula está ligado à questão da voracidade, de engolir coisas, de ter, por exemplo, gula intelectual.

 

A causa da gula como "vício" está no fato de que ela simbolicamente, representa a dificuldade da pessoa fazer valer todo potencial que tem dentro de si. Dito de outro modo, "o que faço por mim, não atende minhas expectativas mais profundas". Um exemplo típico deste "vício" nas organizações ocorre quando elas  adquirem tecnologias de última geração; quando gestores centralizam decisões e "seguram" informações sem sentido; quando informações são observadas nos computadores, nas caixas de e-mails cheias, copiadas desnecessariamente e solicitadas pelo guloso. Este ato de engolir o máximo lhes dá a sensação

de prazer e de controle da situação. Neste sentido, a gula acaba influenciando nos relacionamentos e na produtividade das pessoas ocasionada pela ansiedade e pela auto percepção negativa de ter baixo potencial para responder no íntimo aos desafios. Atitudes assim por parte do profissional, prejudica o clima de engajamento da equipe e o processo de gestão.

 

A gula é um comportamento que promove negativamente a retenção de algo por não saber fazer diferente, não saber avaliar consequências e representar a dificuldade de dividir, de compartilhar coisas motivadas pela ansiedade. Na gula, o prazer é quase insaciável ou de curta duração pela pessoa ou profissional que a manifesta. "Engolir", portanto, tem a função de compensar algo que ainda não é possível alcançar e sua atitude mental básica é: "necessito engolir tudo, aprender tudo".

 

A gula manifesta também como defeito simbólico a “má alimentação” em vários aspectos: pode denunciar, associada a ganância no “ato de engolir”, a mesquinharia de compartilhar o “alimento simbólico”, mais ou menos assim - “Por que devo compartilhar estas informações de trabalho com ele (a)? Elas são minhas, mesmo que no fundo eu não tenha um motivo que a justifique como sendo confidencial, mas desconfio que...”. É como não querer psicologicamente compartilhar o alimento da "sobrevivência", do exercício do papel. Comportamentos como estes existem nas organizações e passam desapercebidos, tidos como "natural", mas no fundo revelam a insegurança e a vontade excessiva de querer controlar. Seu excesso gera doenças físicas, psicológicas e emocionais.

 

A gula enquanto voracidade, merece ser cuidada como manifestação da ansiedade e em termos de autoestima. A pessoa com este "vicio" ou defeito, deve lutar para manifestar suas potencialidades e obter êxito em sua vida pessoal e profissional.

 

Frases

“A gula é uma fuga emocional, um sinal de que algo está nos comendo”. – Peter de Vries

“A ganância nos transforma em filhos insaciáveis da gula. Nos tornamos lentos e preguiçosos como um animal faminto em dia de fartura”. – Teresa Telh

“A gula sozinha é a mãe de todas as doenças”. – Robert Burton

 

A PREGUIÇA

Do latim acedia, na Idade Média era chamada de acédia e tinha como significado "a preguiça de salvar-se em Deus". A pessoa com este "vício" ou defeito, arcidiosa, não queria fazer nada para buscar a salvação. A pessoa tomada por este defeito é caraterizada como alguém que vive em estado de falta de capricho, de esmero, de empenho, desleixo, morosidade, lentidão e moleza, de causa orgânica ou psíquica, que a leva a inatividade acentuada. Outros a definem como tédio que deprime, de tal modo a alma do homem que não lhe apraz fazer nada.

 

Ela é definida como aversão ao trabalho, negligência. Este defeito faz com que as pessoas que a apresentem desqualifiquem os problemas e a possibilidade de solucioná-los da melhor forma. A preguiça não se resume na preguiça física, mas na preguiça de pensar, sentir e agir. A crença básica da preguiça é “não necessito aprender nada”, levando a um movimento freador das ideias e ações dentro das organizações, por exemplo, que no cotidiano aparece através de atitudes e comportamentos que proclastinam "o fazer", ou seja, "o cumprir" com a responsabilidade. A preguiça pode aparecer como vitimização da pessoa, do profissional na organização, que pode atribuir a outras motivos a justificativa para o "não fazer".

 

Requer cuidado não interpretar erroneamente tal defeito, pois na maioria das vezes, o problema recai na qualidade da liderança. Ausente ou "com falta de liderança", não consegue influenciar e motivar as pessoas para que atuem com entusiasmo no que fazem ou que precisam atingir. Este tem sido na verdade, um dos fatores causais que coloca em questão a crença de que está na natureza da pessoa o fato de ser negligente. Neste caso, a liderança é que está em "jogo", como defendia Douglas MacCgregor, téorico da administração dos anos 60, quando nos apresentou a teoria X e Y para desenvolvimento das organizações, numa visão pioneira sobre a orientação de certas lideranças.

 

O preguiçoso, hoje mais dissimulado como mecanismo psicológico e de defesa, busca na essência facilidades sem colocar esforços para atingir seus sonhos, realizar desejos. Por exemplo, na organização ele pode no trabalho transferir a ausência de motivação para a carreira e substitui a ideia de esperançar, que

é uma postura ativa, para a ideia de esperar, uma atitude passiva. O preguiçoso é aquele que adia em vez de realizar. Está sempre esperando alguém fazer

por ele. Neste sentido, a astúcia do preguiçoso está em sua perspicácia de atrair para si pessoas que apreciam fazer vitimizados, como o é, para ajudá-lo a alcançar o que quer. A consequência de relacionamentos assim é que faz o preguiçoso amealhar em sua vida pessoas nesta complementaridade, em que pese os sucessivos desgastes emocionais.

 

Frases

“Vencer a preguiça é a primeira coisa que o homem deve procurar, se quiser ser dono do seu destino”. – Thomas Atkinson

“O aborrecimento entrou no mundo pelas mãos da preguiça”. – Jean de La Bruyere

“O conformista é inerte e mentalmente preguiçoso. Não exerce suas escolhas por medo de assumir riscos”. – Augusto Cury

 

A LUXÚRIA

Do latim luxuria, a luxúria é o desejo passional e egoísta por todo o prazer corporal e material. É definida, às vezes, como o desejo perante o prazer sexual mal administrado, que incorpora outros tipos de desejo como o da comida, bebida e superioridade em relação aos demais. Neste sentido, a luxúria está associada ao poder como mecanismo de dominação. O "vício" pode ser entendido também em seu sentido original: "deixar-se dominar pelas paixões". 

 

A luxúria aparece nos momentos atuais na forma praticada de assédio sexual, e moral até, com intimidações, que ocorrem em grande parte associada ao poder (status) de quem o pratica como "vício" e aquele que o sofre também. Há fatores culturais presentes que podem facilitar o ato luxurioso, mas que por si só não explicam a sua pratica. Portanto, seu entendimento está na natureza e no comportamento daquele que o pratica: o próprio luxurioso, está na sua história e em sua personalidade. O modo autoritário com que contagia o próprio ato coloca o outro numa situação de constrangimento e limitação. O luxurioso se envaidece do poder de dominação que tem e o desfruta com prazer. A sua impulsividade desenfreada e o prazer em excesso, o faz se sentir orgulhoso (soberbo) de sua capacidade de praticar o ato mais e mais.

 

Não raro, o "vício" vem acompanhado da ostentação por parte do praticante luxurioso, que aprecia exibir-se para seduzir o outro, mostrar "as coisas que usufrui", e do poder do dinheiro que tem para encantar. O modo TER está dissociado do SER em sua vida como maneira saudável, autêntica e humanizada e que poderia orientá-lo equilibradamente em sua vida, pessoal e profissional.

 

Frases

 

“A plenitude da vida em sua felicidade não se dá apenas na luxúria, holofotes, poder, dinheiro ou carros, mas sim na simplicidade de saber admirar tudo

o que nos rodeia”. – Aislan Keeslen

“A coisa mais triste que eu consigo imaginar é ficar acostumado com a luxúria”. – Charles Chaplin

“Entregou-se tanto ao vício da luxuria que em sua lei tornou lícito aquilo que desse prazer, para cancelar a censura que merecia”. Dante Alighieri

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Atrevemo-nos a apontar outro grande defeito ou "vício" contemporâneo, que, se não chega a caracterizar um "pecado" aos olhos do cristianismo e a seus pensadores históricos, denuncia para nós, profissionais de recursos humanos, a carência e a baixa qualidade das relações humanas no estágio atual em que se encontram, principalmente na sociedade moderna, competitiva. Apontada por muitos como a doença emocional do século, o defeito percebido como "normal" neste novos tempos é a intolerância, "vício ou neurose" que está presente em toda parte, quer seja no cotidiano da família, entre os cidadãos e também, particularmente, entre os profissionais em geral, que atuam nas organizações, reconhecida nos "justificados estilos". Devemos, porém, reconhecer os enormes investimentos feitos na área de educação corporativa pelas  grandes organizações mundo afora, que são uma referência no tema ao humanizarem seu processo produtivo e zelarem por seu capital humano.

 

A intolerância, que é uma doença psiquíca e emocional contemporânea, tem como base a falta de paciência e compreensão humana, a ansiedade neurótica. Sua identificação, como defeito ou "vício", torna-se mais fácil quando observamos sua intensidade e a frequência com que aparece, caracterizando o "comportamento neurótico dos novos tempos". À medida que se manifesta, a intolerância pode vir associada a outro "vício" ou defeito, que tem como causa uma origem primitiva, diferente de pessoa para pessoa, ou derivada da cultura empresarial autoritária, autocrática, presente em muitas empresas brasileiras, em instituições e na sociedade, que vivemos em um passado ainda ecente.

 

A paciencia como antídoto ao comportamento intolerante e neurótico, recorrente portanto, é uma atitude de solução aparente, de uma postura inicial para se criar um processo humanizador consigo mesmo e com outros. É necessário que se busque a evolução do SER através da exposição a novos aprendizados, novas experiências que tenham significado humano, de conexão; refleti-las para daí, ampliando a visão das coisas, transformar-se.

 

Compreender na essência a busca da consciência espiritual como indivíduo, compreender a diversidade existente das coisas e praticá-la com profundo respeito e exercício de cidadania que ultrapassa os limites de atuação na empresa, é o caminho de superação deste defeito. A prática da empatia e a compaixão nos relacionamentos, sem privilegiar o status quo, soma-se nesta caminhada e dá sentido às nossas vidas como pessoa e profissional, para que possamos dar o melhor de nós. O grande educador brasileiro Paulo Freire, reconhecido mundialmente ao escrever sobre a pedagogia libertária, enxergava a educação como instrumento de liberdade criativa e política para transformar o mundo".                                                               " 

 

Outros mestres salientam que é nesta busca que a espiritualidade alicerça o propósito consciente da vida. É dela que tiramos nossa vontade de ultrapassar os próprios limites e superar quaisquer "vícios", que acabam nos impulsionando para o exercício de papéis e desafios cada vez maiores, e que vão além de nosso circulo comum. Alíás, segundo um deles, o pensador e filósofo americano Ken Wilber, teórico e fundador da Psicologia Integral, apenas 2% da população mundial caminha nesta direção, o que nos dá a dimensão do desafio que temos, e como educadores também, para combater esta doença psiquíca e emocional tão presente, com desdobramentos imprevisíveis no curso desta e das novas gerações.   

 

Por fim, penso que, o “vício” ou defeito, seja ele qualquer for, associado a outro (s) ou não, o importante é entender que o diagnóstico é o de “não saber dosá-lo corretamente”. Daí a importância como ”cura” ter a sua CONSCIÊNCIA, despertada por si ou por outrem, e desenvolver o AUTOCONTROLE, metas altamente desafiadoras.

 

                                                                                                                                                                           Wagner Bosco Silva

                                                                                                                                                                                          Unipersonal Desenvolv. & Associados

 

 

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